Em tempos de debates entorno dos índices de desemprego e déficit de moradias, o documentário interativo traça o recorte de um período onde o vínculo indústria x habitação era praticado pela disseminação de Vilas Operárias nos “subúrbios” urbanos. O lançamento oficial acontece nos dias 10 e 24 de maio.
No Brasil, a moradia na forma das vilas operárias encontra raízes em um remoto passado, como um sucedâneo da senzala. Em decorrência do processo de industrialização e do conseqüente inchaço populacional dos centros urbanos , industriais cujas fábricas desempenhavam papéis de destaque ao contexto econômico, ou “empreendedores imobiliários” da época passam a receber incentivos para a edificação de vilas buscando a reversão dos problemas decorrentes com o desenfreado crescimento de cortiços. Aliados à otimização do trabalho e a uma espécie de limpeza urbana, tais conjuntos residenciais pontuariam as novas regiões recentemente loteadas, próximas aos eixos férreos, leitos de rios ou pontos estratégicos de extração de matéria-prima.
As relações paternalistas entre indústrias e moradias são rompidas a partir do momento em que as fábricas passam a produzir utensílios para o consumo das massas. Neste caso, as diversificações industriais aliada ao crescente processo de êxodo rural e urbanização retiram das mãos dos empresários industriais a função de garantia da subsistência residencial, que passa a ser de responsabilidade do Estado ou de empreendedores relacionados ao setor imobiliário. A partir deste período os ideais do modernismo atuam de forma marcante na racionalização deste processo, a arquitetura e o urbanismo se revestem com o viés da lógica industrial.
O documentário discute as relações entre trabalho e moradia, registra o contexto em que essas vilas foram construídas, a partir de uma plataforma virtual (www.entrevilasdoc.com.br) o usuário pode navegar por diferentes temáticas e personagens de vilas como a: Vilas Maria Zélia (Cia. Nacional de Tecidos de Juta - 1916), Vila Cerealina (Indústrias Reunidas Fábrica Matarazzo - 1924), Vila Triângulo (Cia. Brasileira de Cimento Portland - 1926) e Vila Economizadora (Moinho Santista - 1935). Além destas, o percurso também ilustra a atuação da Cia. Cantareira de Esgotos, Vidraria Santa Marina, São Paulo Railway Company, Antarctica, Cia. de Melhoramentos de São Paulo, Cotonifício Crespi, Nadir Figueiredo, Nitro-Química, Fiat-Lux, que entre tantas outras foram responsáveis pela edificação de Vilas Operárias na cidade de São Paulo.
Pensado como um projeto coletivo, a proposta foi elaborada por um coletivo de 14 profissionais de distintas áreas de atuação, selecionados entre os 110 pré-inscritos, o projeto foi realizado pelo Centro de Pesquisa e Formação do SESC, sendo sua idealização e coordenação de responsabilidade das documentaristas Marina Thomé e Márcia Mansur, do Estúdio CRUA.
O resultado pode ser conferido a partir do dia 10 de maio, quando acontece o lançamento oficial do projeto. Moradores, viajantes e internautas poderão experimentar a navegação pelo documentário interativo e participar de um debate sobre o processo de produção, no auditório do Centro de Pesquisa e Formação do SESC. A segunda exibição pública de EntreVilas acontece no próprio bairro de Perus, onde parte do material do documentário foi gravado, na Biblioteca Padre José Anchieta, no dia 24 de maio.
Data: 10/05/2017 Horário: 19h30 Local: Centro de Pesquisa e Formação do SESC - Rua Dr. Plínio Barreto, 285 - 4º andar
Data: 24/05/2017 Horário: 19h30 Local: Biblioteca Padre José Anchieta, localizado na Rua Antônio Maia, 651 - Perus.
Título
EntreVilas: Um traçado imaginário pelas vilas operárias de São Paulo.Tipo
Lançamento de Produto ou LivroWebsite
Organizadores
De
10 de Maio de 2018 07:30 PMAté
24 de Maio de 2018 08:00 PMOnde
Centro de Pesquisa e Formação, SESCEndereço